Crime ambiental. Centenas, talvez milhares de peixes morrem no Mogi Guaçu após empresa des

Crime ambiental. Centenas, talvez milhares de peixes morrem no Mogi Guaçu após empresa despejar rejeitos de produção

Webmaster 05/10/2013 - 03:41
Quero saber como vou sustentar minha família, diz pescador que vive do rio

Certamente milhares de peixes morreram na noite desta sexta-feira (04), no Rio Mogi Guaçu, nas proximidades da Usina Santa Rita. Por volta das 19h da sexta um grupo de pescadores, amigos e familiares estava confraternizando-se na varanda de um rancho/pesqueiro, quando ouviram o barulho de diversos peixes "saltarem" na água, momento em que foram até a beira do Rio Mogi Guaçu para ver o que acontecia, porém o que encontraram foi um verdadeiro crime ambiental.

De acordo com as informações do pescador profissional, Luiz Carlos Pitanguy, de 52 anos, a usina de açúcar e álcool existente próxima ao local, possui algumas "lagoas de decantação", que são usadas para receber os dejetos oriundos do processamento da cana, porém por motivos ainda não esclarecidos e segundo o pescador, praticamente toda aquela sujeira, aqueles dejetos e talvez produtos químicos foram despejados de forma violenta e rápida no rio, transformando as águas do Mogi em um verdadeiro "campo de morte" para os peixes.

Além de Luiz, estavam também no local os pescadores profissionais Diego Demétrio da Silva, de 25 anos e Anderson Luiz Pitanguy, de 29 anos. Eles afirmaram que "é do rio que tiramos o sustento de nossa família, mas e agora, quem é que vai colocar comida dentro de casa?" Luiz explicou a nossa equipe de jornalismo que de 01/11/2013 à 01/03/2014 eles estão proibidos de pescarem, pois nessa época os peixes sobem as águas dos rios para procriarem, porém com a sujeira da água e a quantidade de peixes mortos, fica difícil para os pescadores conseguirem fazer um "estoque", para suprir as necessidades de sua família até o fim da piracema. Luiz Pitanguy completa que no mês de outubro, já chegou a ter 800 quilos de peixe estocado.

Com um tom de indignação os pescadores questionam sobre a responsabilidade pelo crime, que pode ter sido acidental ou proposital, pois há a necessidade de "pagar as contas, colocar comida dentro de casa, e quem vai fazer isso? Antes eu fazia com ajuda do rio, e agora?"

Revolta
Luiz manifestou a sua revolta com as autoridades florestais e ambientais, pois segundo ele, foi acionada a Polícia Florestal de São Carlos e a de Santa Rita do Passa Quatro, além da CETESP, porém nenhum desses órgãos apareceu para averiguar a situação, e/ou punir os responsáveis.

Outra revolta do pescador é pelo fato dele ter sido multado em 2011, pela Polícia Florestal, por não apresentar o controle de estoque do peixe que possuía estocado, porém o mesmo disse que não fazia tal controle porque não sabia que havia essa determinação.

Subindo o rio
Nossa equipe de jornalismo foi levada de barco, pelos pescadores, até o ponto onde supostamente os dejetos e produtos químicos invadiram e contaminaram o rio, e chegando no ponto informado, o que vimos foi uma espécie de córrego, vindo de dentro da mata, com uma "água negra" invadindo as águas do Mogi.

Covardia
O pescador Luiz Carlos Pitanguy demonstrou uma profunda tristeza com a situação das águas do Rio Mogi Guaçu, pois além do rio prover o sustento de sua família, ele é uma das paixões do pescadores, que disse a nossa equipe que "essa é a maior covardia que já fizeram contra o rio".

Água negra
Nossa equipe encheu uma garrafa pet com as águas do Mogi, e como você pode ver nas fotos, a água está completamente negra. Outra foto que chama a atenção é a que mostra a diferença entre as águas do rio e as águas oriundas da lagoa de decantação. Um fato curioso visto por nossa redação foi a presença de cinco jacarés durante o percurso, porém possivelmente devido a sujeira da água, esses animais saiam da água, da mesma forma que os peixes, que provavelmente na vontade de preservarem suas vidas, acabavam saindo das águas, em direção a margem do rio, porém ao fazerem isso, morriam.


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