Pai de padrasto saiu de carro na noite do sumiço de Joaquim, diz delegado

Pai de padrasto saiu de carro na noite do sumiço de Joaquim, diz delegado

Webmaster 13/11/2013 - 07:02
Polícia obteve imagens da saída dele de casa durante a madrugada.
Com novos indícios, delegado deve ouvir novo depoimento de Dimas Longo.


O pai do padrasto do menino Joaquim, Dimas Longo, deve prestar novo depoimento à polícia, após imagens de uma câmera de segurança mostrarem que ele saiu de carro da casa onde mora, na madrugada de 5 de novembro, data em que o garoto de 3 anos desapareceu. A informação é do delegado Paulo Henrique Martins de Castro, chefe das investigações, destacando que Longo mora a poucos quarteirões de onde Joaquim Ponte Marques morava com a mãe e o padrasto, no bairro Jardim Independência, em Ribeirão Preto (SP).

O advogado de defesa da família de Longo, Antônio Carlos Oliveira, afirmou que se manifestará sobre o caso somente após ter acesso às imagens citadas pelo delegado.

Castro lembrou que, na mesma madrugada, o padrasto da criança, o técnico Guilherme Longo, também saiu de casa, sob justificativa de que queria comprar drogas. Em depoimento, Guilherme disse que não encontrou o que procurava e retornou minutos depois. O padrasto e a mãe do menino, a psicóloga Natália Ponte, estão presos desde a noite de domingo (10), após o corpo de Joaquim ter sido encontrado boiando no Rio Pardo, em Barretos (SP). Guilherme deve prestar o primeiro depoimento após a prisão na tarde desta terça-feira (12).

"Há uma imagem do pai do Guilherme saindo de casa de carro durante a madrugada, mas não é nada conclusiva. Essa saída aconteceu após a meia-noite. Ele saiu e retornou pouco tempo depois. A gente precisa cronometrar quanto tempo ele ficou fora e precisamos saber o que motivou essa saída", disse o delegado, sem informar onde a câmera está instalada. "Pode dar algum problema para os proprietários."

Com os novos indícios, Castro disse que pode convocar Dimas novamente para ser ouvido, uma vez que ele já havia prestado esclarecimentos na Delegacia de Investigações Gerais (DIG), no dia seguinte ao desaparecimento de Joaquim. "Tudo ainda depende da nossa investigação."

O delegado afirmou também que a 2ª Vara do Juri e de Execuções Criminais de Ribeirão Preto autorizou a quebra do sigilo telefônico da mãe, do padrasto e de pessoas próximas ao casal, para obter detalhes que possam ajudar na investigação sobre a morte de Joaquim. O material, segundo Castro, será confrontado com os depoimentos dos suspeitos.

Ainda de acordo com o delegado, uma possível acareação entre Natália e Guilherme só deve ocorrer após novos depoimentos do casal. O padrasto deve prestar novo depoimento à polícia na tarde desta terça-feira (12). A realização de uma reconstituição do crime também só será possível caso haja mais informações sobre o caso, conforme explicou Castro.

Nada a declarar
O advogado Antônio Carlos Oliveira, que representa a família de Guilherme Longo, disse que o pai do padastro não se manifestará sobre o surgimento das imagens obtidas pela Polícia Civil, até que a defesa tenha acesso ao conteúdo. "Não vi imagens nenhuma. Ninguém vai falar nada sobre isso até conseguirmos ver do que se trata", disse.

Comoção
O corpo de Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, foi enterrado na tarde de segunda-feira (11), no cemitério municipal de São Joaquim da Barra (SP), cidade da família da mãe. Centenas de pessoas acompanharam o velório e o enterro e pediram "justiça". Além do pai de Joaquim, o produtor de eventos Arthur Paes, familiares da mãe do garoto também participaram da cerimônia. Natália e Guilherme não foram autorizados a participar do sepultamento.

Na manhã desta terça-feira, a casa onde Joaquim morava com a mãe, o padrasto e o irmão de quatro meses amanheceu pichada com mensagens de protesto. Cartazes com os dizeres "luto" e "justiça" também foram pregados por um suposto grupo de adolescentes, como relatou a dona de casa Aparecida Soares Barbosa, que mora em frente ao imóvel.

Investigação
Em novo depoimento após a prisão, Natália Ponte afirmou à polícia que Guilherme teria tentado se matar no domingo (3), dois dias antes do desaparecimento do garoto, aplicando em si mesmo a insulina que era utilizada no tratamento do enteado, que sofria de diabetes. Para o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino, a afirmação demonstra que Joaquim pode ter sido morto por superdosagem do medicamento no sangue.

Isso porque, Natália conta que o padrasto teria mentido quanto à dose que usou na tentativa de se matar. Primeiro, Guilherme contou ter aplicado duas unidades da substância em si mesmo. Entretanto, após a mãe entregar à polícia os medicamentos e o aparelho usado no tratamento, que estavam na casa da família, o marido teria contado outra versão, afirmando “ter feito uma autoaplicação de 30 unidades de insulina.”

Natália também afirmou que estava sendo ameaçada de morte por Guilherme porque queria se separar dele, já que ele havia voltado a usar cocaína. O casal, segundo o promotor, brigava com frequência porque Guilherme tinha ciúmes de Joaquim. Durante uma dessas discussões, ele chegou a dizer que jogaria o filho do casal, um bebê de 4 meses, contra a parede.

Baseado no mesmo depoimento, o diretor do departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-3), João Osinski Júnior, também afirmou que Joaquim pode ter morrido por um erro na aplicação de insulina. Segundo o delegado, essa é a hipótese mais provável, já que a necropsia feita pelo Instituto Médico Legal (IML) apontou que a criança não apresentava sinais de violência no corpo. O delegado pediu agilidade na conclusão dos laudos toxicológicos para verificar se ele tinha ou não excesso de insulina no organismo.

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