Desconfiança na polícia faz morador deixar de registrar crimes, diz UFSCar

Desconfiança na polícia faz morador deixar de registrar crimes, diz UFSCar

Webmaster 13/12/2013 - 00:38
Dois em cada 10 crimes são registrados formalmente, afirma Ministério.
Secretaria de Segurança Pública negou que medo justifica subnotificação.


Uma pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) aponta que a desconfiança nos serviços policiais faz com que a população deixe de fazer boletins de ocorrência. Um levantamento do Ministério da Justiça mostra que apenas dois em cada dez crimes são registrados formalmente no Estado de São Paulo, onde 80% das vítimas deixam de comunicar os crimes aos órgãos responsáveis. A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública negou que a desconfiança e o medo da população, levantados pela pesquisa da UFSCar, justificam a subnotificação dos crimes.

Em sete anos, a loja de Silvio Jorge já foi alvo de furtos seis vezes e em uma das últimas invasões três criminosos quebraram a porta de vidro e levaram quase 300 peças de roupas. Toda a ação foi registrada pelo circuito de segurança, mas não foi em todos os casos que o dono registrou Boletim de Ocorrência (BO). “Não era muita coisa de valor considerável, então deixamos passar o tempo e acabou caindo no esquecimento, mas deveríamos ter dado atenção, foi um erro”, disse o comerciante.

Subnotificações
Os crimes mais comuns em que as pessoas deixam de registrar a ocorrência são agressões, discriminação e furtos. Segundo a pesquisadora Jacqueline Sinhoretto, do Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos da UFSCar, três fatores contribuem para o baixo índice de registros formais.

“As próprias pessoas declaram que são vítimas de eventos que elas mesmas não consideram de muita relevância, a segunda questão é que há uma desconfiança generalizada de que vá haver uma investigação policial e de que a busca pela polícia vá valer à pena, e a terceira questão é também uma desconfiança generalizada dos próprios serviços policiais”, explicou.

A pesquisadora reforça que o trabalho da polícia teria que ser mais efetivo para estimular a população a fazer esses registros. “Menos de 3% dos homicídios conseguem ser esclarecidos por investigação policial, o que é um índice muito baixo, e por outro lado nós sabemos que a maioria das pessoas que são presas, são presas em flagrante e não como resultado de uma investigação”, comentou a pesquisadora.

Importância dos BOs
O delegado seccional de Rio Claro (SP), Francisco Hoppe, por outro lado, diz que os boletins de ocorrência são importantes justamente para ajudar a polícia a planejar as investigações e operações. “A partir dessa notícia nós temos o conhecimento do fato e partimos para investigação da autoria e do fato delituoso. Mas não é só isso, porque nós fazemos um planejamento de operações que é pautado pelos dados fornecidos por essas notícias crimes, como locais com mais furtos, horários, dia, da semana, roubo, tráfico”, explicou.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a desconfiança e o medo da população, levantados pela pesquisa da UFSCar, não justificam a subnotificação dos crimes. Além disso, informou que a criação da delegacia eletrônica está ajudando a aumentar os registros formais de crimes.

O serviço realizado na página da SSP foi ampliado. O serviço atende ocorrências de furtos, incluindo o de veículos, perdas de documentos e objetos, ameaça, injúria, difamação, calúnia e desaparecimento de pessoas. Para registrar o BO de roubo basta preencher o formulário.

Além de informações pessoais da vítima, é preciso colocar as informações sobre o local onde aconteceu o roubo, como foi o assalto e características de quem cometeu o crime. O próprio sistema orienta a vítima e pede detalhes que ajudam na investigação, como se o assaltante tem barba ou tatuagem. O sistema ainda avisa que a falsa notificação é crime.

G1

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