Jornal OnLine x Jornal Impresso

Jornal OnLine x Jornal Impresso

Webmaster 29/12/2009 - 18:14
O crescimento acelerado do número de publicações digitais na web, acompanhado do desenvolvimento da internet e sua conseqüente popularização em larga escala, tem despertado uma polêmica interessante entre jornalistas e especialistas em novas tecnologias: o jornal em papel vai acabar? As opiniões são divergentes. Alguns acreditam que os jornais convencionais não sobreviverão ao próximo século. Tudo será digitalizado e até a televisão, como nós a conhecemos, deixará de existir. Outros afirmam que a internet não representa uma ameaça às publicações impressas e que nenhuma tecnologia, por mais avançada que seja, vai superar a comodidade e o conforto que um jornal em papel proporciona aos leitores.

E o assunto ganhou ainda mais destaque quando, há duas semanas, o presidente do grupo New York Times, Arthur Sulzberger Jr. admitiu, em conversa com o repórter israelense Eytan Avriel, do diário Haretz, de Tel Aviv, que não podia garantir que o Times continuará a ser impresso daqui a cinco anos. Nosso objetivo é gerenciar a transição do impresso para o online, disse Sulzberger ao repórter, explicando que os lucros do jornal estão em declínio faz quatro anos e que 1,5 milhão de pessoas lêem o jornal online contra 1,1 milhão de assinantes do papel, além de os classificados já estarem migrando para a internet.

Muitas são as vantagens das publicações eletrônicas. Os jornais digitais são mais interativos, os custos de produção e distribuição são reduzidos, os artigos e reportagens podem ser complementados com informações adicionais que não teriam espaço nas edições em papel, as notícias podem ser atualizadas várias vezes durante o dia e acessadas instantaneamente por leitores em qualquer lugar do mundo. Além de todas estas vantagens, há também a possibilidade de se implantar serviços especiais, como consulta a bancos de dados com arquivos das edições passadas, classificados online, programas de busca, fóruns de discussão abertos ao público, canais de bate-papo em tempo real e muitos outros.

O magnata francês Arnaud Lagardère, dono de diversos veículos de comunicação, em entrevista publicada ano passado pelo Journal du Dimanche, sustentou que os jornais desaparecerão em uma década. Para ele, a tinta e a textura do papel ficarão para publicações mais sofisticadas, de periodicidade semanal ou mensal, como as da imprensa feminina, de decoração ou automobilística, já que os custos de produção da mídia em papel se tornarão insustentáveis. O futuro é a desmaterialização do suporte tradicional como no cinema, onde a película já cede lugar progressivamente ao digital, garante Lagardère.

Apesar de confessar não ter a menor idéia de como será o futuro dos jornais, o jornalista do grupo O Estado de S. Paulo Pedro Dória, especializado em tecnologia e um dos primeiros blogueiros do país, lembra que o número de leitores de jornal vem caindo desde a década de 1950, quando o jornal impresso teve seu ápice. Uma pesquisa nos Estados Unidos mostra que, enquanto todas as pessoas com mais de 80 anos lêem jornal, apenas 40% das pessoas nascidas após 1960 e 20% da geração de 1980 têm esse hábito, comentou. Ler jornal é hábito adquirido, é um ritual de passagem para a vida adulta, por volta dos 20 anos o jovem começa a ler. Mas os jovens de 20 anos não estão adquirindo esse hábito - estão buscando informações na internet, constatou. Para ele, esses dados podem ser interpretados de duas formas: ou ninguém vai mais ler jornal mesmo, ou faz parte do quadro de adolescência tardia da sociedade contemporânea, com pessoas saindo de casa cada vez mais tarde. Quem sabe aos 30 eles não comecem a ler?, sugeriu.


Pedro Dória, de O Estado de S. Paulo, lembrou que a popularização da internet ainda está em fase inicial no Brasil, e que apenas 30% dos brasileiros têm acesso à internet. Assim, o Brasil ainda tem potencial para aumentar os leitores de jornais on-line, isso porque o país está reduzindo o número de analfabetos e há um crescimento no poder aquisitivo das pessoas mais pobres, aumentando o número de potenciais leitores.

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