Ex-cortador de cana de 70 anos cria veículo agrícola em Matão

Ex-cortador de cana de 70 anos cria veículo agrícola em Matão

Webmaster 03/11/2014 - 08:25
Implemento ajuda produtores a terem melhoria no transporte e plantação.
Há 16 anos, Adélio Antoniosi tomou coragem e abriu o próprio negócio.



Um ex-cortador de cana criou um veículo agrícola inovador em Matão (SP). Adélio Antoniosi resolveu começar o próprio negócio na área de fabricação de implementos agrícolas. Ele criou um veículo que ajuda produtores a terem melhoria no transporte e na plantação. Aos 70 anos, o empresário não pensa em se aposentar e afirma que ainda tem muito a contribuir para o Brasil.

Além de ser cortador de cana, Antoniosi também trabalhou durante 39 anos em uma empresa de implementos na cidade. Ao ser demitido, aos 54 anos, ele pensou em desistir de tudo, mas conseguiu se reinventar. “Foi quando eu pensei "chega de trabalhar para os outros, vou trabalhar para mim". Peguei minhas economias, R$ 35 mil, e comprei um torno, uma furadeira, um maçarico e uma bancada. Comecei trabalhar fazendo elevador e manutenção", contou.
Com aço, solda e tecnologia, o empresário, que não chegou fazer faculdade, tenta mudar a agricultura no país desde quando recebeu o convite do dono de uma usina para modernizar o transporte no campo. Ele reinventou o transbordo, um implemento agrícola que leva a cana picada da colheitadeira para o caminhão.

O transbordo antigo contava com dois pneus que aumentavam a compactação do solo. O sistema provocava erosão e dificultava a absorção de água. Foi então que o empresário fez um novo modelo, com quatro pneus macios e com o lado esquerdo alinhado ao trator. No transbordo antigo eram quatros rastros de pneus na lavoura. O novo modelo faz apenas três.

Com a inovação, a produtividade aumentou em 20%, porque menos brotos são prejudicados. O segredo está no engate, que é móvel e pode ser adaptado no trator. “Antes era igual uma carroça, compactava o solo e não era calibrada conforme a medida de cana no Brasil, então dava muito amassamento. A soqueira durava pouco tempo, porque a soqueira normal tem que durar de 5 a 6 anos, mas no caso de muito compactação com três anos já começa cair a produção”, explicou o empresário.

Crescimento
O encarregado de usinagem Danilo Manzi foi o primeiro empregado. “Quem via a empresa há 15 anos e vê hoje se assusta, porque teve um desenvolvimento muito grande”, contou.

O primeiro torno comprado por Antoniosi é guardado com carinho, já que foi com ele que tudo começou. Agora, são 300 funcionários, os tornos se multiplicaram e são bem mais modernos. Vários equipamentos de ponta foram importados da Alemanha, alguns controlados por robôs. O sucesso da empresa começou na década de 90 com a mecanização.

Por causa da mecanização, muitos trabalhadores deixaram o campo, mas encontraram na indústria uma maneira de continuar ajudando a produção agrícola. É o caso do pintor Ricardo Germano, que sempre trabalhou na roça, mas virou pintor. Ele é o responsável pelo acabamento das peças. “No meu tempo cortávamos a cana no facão, hoje praticamente fabricamos essas maquinas para facilitar a vida de todo mundo”, disse.

Inovação
O empresário apostou em inovação e tecnologia para criar outros implementos. Uma plantadeira, por exemplo, teve quatro câmeras digitais implantadas. Na cabine do veículo, muito conforto: GPS, bancos macios e ar-condicionado.
Antoniosi vai completar 70 anos e não pensa em se aposentar. “Eu espero viver bastante para contribuir para esse país, porque o nosso Brasil precisa de muita coisa no ramo agrícola”, ressaltou.

G1

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