Merenda aposta em alimentação balanceada e nutritiva; cantinas são fechadas

Merenda aposta em alimentação balanceada e nutritiva; cantinas são fechadas

Webmaster 26/02/2010 - 23:05

Desde o início do ano letivo, todas as escolas da rede municipal de ensino não contam mais com cantinas em suas dependências. Essa decisão faz parte das diretrizes da prefeitura de Descalvado e Secretaria de Educação e Cultura, em consonância com a legislação vigente.

“O fechamento das cantinas é uma ideia antiga. Nós tivemos um salto de qualidade muito grande na merenda. A lei 11947/09, que dispõe sobre a alimentação escolar, propôs uma serie de restrições e obrigações. Necessariamente, 30% dos produtos servidos à clientela devem vir da agricultura familiar, privilegiando produtos hortifrutis naturais. Até mesmo os sucos devem ser feitos com frutas in natura, evitando, assim, os de sabor artificial”, explica a secretária de Educação e Cultura, professora Rosinês Pozzi Casati Gabrielli.

A proposta é adotar uma dieta balanceada, levando em consideração as necessidades nutricionais de cada faixa etária. A bolacha, uma das guloseimas preferidas da criançada, por exemplo, não será do tipo recheada. Será dada preferência às que sejam produzidas à base de aveia e mel. Empanados? De peixe. Saem de cena os enlatados; entram no cardápio os alimentos saudáveis e de alto valor nutritivo.

A mudança deu resultado: houve um aumento de 30% no fornecimento da merenda, com significativa queda na chamada “sobra”. “Não é a comida pela comida; é a alimentação pela saúde”, assevera a secretária professora Rosinês. “A merenda tornou-se um centro de educação alimentar. Nós não queremos privar as crianças dos doces e salgados. Se consumidos com moderação, não há problema algum. É preciso equilíbrio. Nossa intenção é criar uma cultura alimentar que privilegie a alimentação saudável, para que não tenhamos, no futuro, uma geração de obesos. Para isso, também é necessário o envolvimento dos pais dos alunos. A educação alimentar deve continuar em casa”.

De acordo com Suzy Rosane Cerantola Boarini, chefe do Serviço Municipal de Alimentação Escolar (SMAE), está em gestação um projeto ambicioso. No futuro, as crianças poderão ajudar no preparo dos próprios alimentos, orientadas e monitoradas por especialistas em nutrição, em suas próprias unidades escolares. “Podemos preparar uma salada de frutas e contar as propriedades nutricionais de cada espécie. Dentro desse conceito de educação alimentar, até mesmo as histórias e curiosidades dos alimentos poderão ser contadas às crianças - como surgiu o cachorro-quente, o que é canjica, a história da feijoada...”.

Para a secretária professora Rose, “é preciso estimular os alunos a comerem alimentos saudáveis. Aquilo que a criança não conhece ela não come; a partir do conhecimento ela toma gosto e consome”. Isso não significa que as porções não passem por um rigoroso estudo das necessidades nutricionais de cada faixa etária. “Você não pode dar a mesma quantidade de alimento para um aluno que tenha oito anos e o outro, dezesseis. Cada organismo tem a sua necessidade”.



O prefeito Luís Antonio Panone apóia a iniciativa. “Temos a responsabilidade de formarmos uma geração de crianças saudáveis. A educação também passa pela alimentação. Não é possível oferecer bolos, frituras e refrigerantes aos alunos.
E não é apenas a questão da obesidade. Alimentos não saudáveis trazem riscos de diabetes e hipertensão. O bom hábito alimentar se adquire na infância. Além disso, nós temos uma merenda de excelente qualidade, que satisfaz as necessidades nutricionais de cada aluno. Ressalto que é necessária a participação dos pais nesse processo de educação alimentar. Eu tenho visitado as escolas, junto com a professora Rose, e tenho percebido que os alunos, pais e professores estão satisfeitos. Muitas das crianças com quem conversei até já conhecem parte do cardápio”.

Luiz Fernando Zaffalon, diretor da EMEF “Dirce Sartori Serpentino”, do Jardim Albertina, é um dos mais radicais defensores do fechamento das cantinas. “Por onde eu passei, eu as fechei. É fonte de violência, de conflito. Quando uma criança compra um pacote desses salgadinhos, ela tem de distribuir aos demais. Tem também o que eles chamam de “pedágio”: se um aluno não trouxer à escola uma determinada quantia em dinheiro, para a compra de salgadinhos, sai briga. Por isso eu nunca permiti o funcionamento de cantinas nas escolas sob minha direção. Além disso, eu acho uma incoerência: nós temos uma merenda de excelente qualidade, balanceada e nutritiva”.

Zaffalon diz que a sobra, que antigamente era considerável, hoje praticamente inexiste. “Não fica nada no prato. Há total aprovação por parte dos alunos”.

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