Justiça dos EUA cobra R$ 125 mi para soltar campineiro da cadeia

Justiça dos EUA cobra R$ 125 mi para soltar campineiro da cadeia

Webmaster 12/04/2011 - 11:42

Ricardo Costa é acusado pela ex-mulher de abusar sexualmente dos filhos; ele alega inocência

O brasileiro Ricardo Costa, que está preso há dois anos e meio nos Estados Unidos aguardando julgamento em um caso que ganhou notoriedade também pela astronômica fiança fixada pela justiça americana - US$ 75 milhões, o equivalente a R$ 125 milhões - nasceu, morou e estudou em Campinas. O campineiro de 39 anos é acusado pela ex-mulhe, Angela Martin, de abusar sexualmente dos filhos que o casal teve : Sage, Rosie e Eden. Pela lei americana já era para ele ter sido julgado, mas há 844 dias o brasileiro alega inocência.

Ricardo viveu parte da infância em Campinas, mas ainda criança mudou-se com a família para São Paulo. Ele retornou à cidade natal aos 18 anos, quando entrou no curso de Administração da PUC-Campinas, segundo a família. Após um ano e meio, o campineiro trancou a faculdade para viajar para o Japão, onde trabalhou como modelo e conheceu a ex-esposa e também modelo, Angela Martin. O casal mudou-se para os Estados Unidos, onde tiveram os três filhos. A ex-esposa é norte-americana.

Ricaro Costa foi preso após se separar da mulher. Depois do divórcio, os filhos passaram a frequentar um consultório de psicologia. As crianças teriam relatado à psicóloga Linda Bennardo os casos de abuso. Após o diagnóstico da psicóloga e entrevistas feitas pelos policiais, a mãe foi à Justiça. A psicóloga perdeu licença acusada de influenciar outras crianças a mentir

Demora

Em quase dois anos e meio no Centro de Detenção Yavapai, no estado do Arizona, o caso passou pela mão de quatro juízes e quatro promotores. A cada mudança, recomeçava o prazo máximo de 150 dias, previsto na lei americana, para que um preso seja julgado. Segundo o irmão de Ricardo, os filhos, no decorrer de um ano, foram induzidos mentir para a polícia.

“A única coisa que a gente está brigando há mais de dois anos é que a gente tenha um julgamento e possa ser ouvido”, conta Rafael Costa, irmão do campineiro.

Em entrevista por telefone ao EP Campinas, a mãe de Ricardo disse que a família pede apenas justiça, e que o filho possa ser julgado. "Nós temos certeza de que ele é inocente, e não conseguimos entender a demora para o julgamento", conclui.

A equipe do Jornal Nacional foi autorizada a entrar na cadeia, mas sem câmera. Ricardo disse que recebeu mais de 20 vezes uma proposta para assumir a culpa pelo crime. Ele ganharia a liberdade, como prevê a lei do Arizona, seria deportado para o Brasil, não veria mais os filhos e o caso estaria encerrado.

Durante a conversa dentro da prisão, Ricardo Costa afirmou que está disposto a morrer na prisão. Ele disse que não vai confessar nenhum crime que não cometeu em troca da liberdade.

Por telefone, ele explicou: “Se eu assinar, eu estaria fazendo com que meus filhos soubessem de algo que não é verdade e fossem assombrados por essa mentira pelo resto da vida deles”, diz Ricardo.

A equipe tentou ouvir a ex-mulher de Ricardo. Primeiro, encontrou a casa vazia. Depois, a filha Rose atendeu. Quando a equipe disse que estava procurando a Angela. E a resposta: “Ela não quer falar”. Foram feitas mais de 15 ligações para o advogado de Angela e nenhum retorno.

A Justiça deu a Ricardo a chance de responder ao processo em liberdade. Mas, para a família, o valor da fiança é mais uma forma de pressioná-lo a assumir a culpa neste caso: US$ 75 milhões, o equivalente a R$ 125 milhões. Em dinheiro vivo é a maior fiança estipulada pela Justiça americana.

Sem ter como pagar, o brasileiro Ricardo Costa continua preso e muitas pessoas continuam sem saber onde está a verdade nessa história.

Psicóloga perde licença após influenciar crianças

A psicóloga perdeu a licença para exercer a profissão. O motivo: ter influenciado outras crianças, em outros casos, a dizer mentiras. A equipe do Jornal Nacional procurou Linda Bennardo, mas só encontrou consultórios vazios. E, por telefone, nenhuma resposta.

Linda participou de três casos semelhantes na cidade de Sedona, no interior do Arizona. De todos os envolvidos, Ricardo é o único brasileiro, o único que foi preso. Os outros foram inocentados.

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