Internos fogem de Clínica para Dependentes Químicos por sofrerem maus tratos

Internos fogem de Clínica para Dependentes Químicos por sofrerem maus tratos

Webmaster 11/05/2011 - 01:53
Clínica para Dependentes Químicos é palco de fuga de internos, vítimas de maus tratos e cárcere privado


No início da noite de ontem (10) cinco internos da Clínica Despertar, localizada em Descalvado, conseguiram fugir. Segundo constaram em Boletim de Ocorrência Policial, todos sofriam maus tratos e cárcere privado, além de tortura psicológica.

Os cinco internos, sendo eles VAM de 39 anos, JASN de 31 anos, CAPJ de 26 anos, MCC de 29 anos e LAD, também de 39 anos conseguiram fugir logo após o jantar. Como a Clínica fica em uma propriedade rural, as margens da Rodovia SP-215, os mesmos correram a pé pela Vicinal Vito Gaya Puoli, e ao chegar à área urbana, pediram ajuda em uma residência, que de pronto chamou a Polícia para socorrê-los.

As acusações de maus tratos são similares em todas as declarações, porém algumas chamam uma atenção maior, como o caso de VAM, que disse a nossa equipe de jornalismo que há alguns dias passou quatro dias trancado em um quarto, preso como um detento, proibido de entrar em contato com seus familiares. Proibido inclusive de ir ao banheiro, sendo obrigado e urinar e evacuar em um balde que ficava no quarto.

LAD nos disse que durante a semana os horários do “cárcere privado” são religiosamente seguidos, sendo que todos os internos ficam trancados dentro do imóvel das 11h45 as 14h15 e também das 19h as 07h do dia seguinte e aos sábados, domingos e feriados o período de cárcere é ainda maior, ficando todos presos das 12h às 16h e das 19h as 08h, também do dia seguinte. LAD também declarou a nossa equipe de jornalismo, e também em boletim de ocorrência que todos são obrigados a tomarem um coquetel de medicamentos, conhecido internamente como DANONE. Esse coquetel é composto por medicamentos tais como Neozine 100mg, Amplictil 100mg, Carmazepina 200mg e Rivotril 2ml, que tem como objetivo deixar o paciente dopado, para que sejam dominados com maior facilidade. Ainda segundo LAD todos esses medicamentos são de tarja preta e em momento algum, os internos passaram por um médico, que prescrevesse tais medicamentos.

Todos relataram uma grande tortura psicológica, composta por palavras ofensivas e atos ofensivos, como o de deixar todos os internos trancados em um imóvel e do lado de fora, funcionários promoverem festas, com direito a churrasco e rodadas de pizza.

MCC, assim como LAD também declarou que os internos ingerem uma grande quantidade de medicamentos, em média três vezes ao dia e que no caso de MCC, o mesmo apresenta sinais de alucinações após ser “medicado”. MCC nos mostrou uma cicatriz que segundo ele teria sido gerada em um episódio de violência sofrido na clínica.

Outra reclamação dos internos é quanto a alimentação, que segundo eles é pouca e de qualidade duvidosa. Segundo VAM o mesmo teve como almoço uma pequena porção de arroz, feijão e “meia” salsicha e no jantar uma pequena porção de sopa.

Enquanto nossa equipe de jornalismo estava colhendo essas informações junto ao Plantão Policial um sexto interno apareceu na Delegacia, ele também fugiu da mesma clínica, com as mesmas acusações.

Há algumas semanas outra clínica da cidade sofreu uma fiscalização por meio do COMUCRA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente) que determinou o fechamento da clínica, por não atender a necessidades básicas de higiene e estrutura. Acreditamos que essa clínica também sofrerá uma fiscalização por parte da Polícia, Promotoria Pública e Vigilância Sanitária para apurar a veracidade das acusações feitas junto a Polícia.

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