Por que a cotação do dólar está caindo?

Por que a cotação do dólar está caindo?

Webmaster 27/10/2009 - 08:46
O dólar encerrou os negócios nesta segunda-feira (26) valendo R$ 1,73, o que significa uma alta de 1,51% em relação ao fechamento de sexta-feira. No mês, entretanto, a moeda acumula desvalorização de 2,26%. No ano, a queda chega a 28%. No último dia 15, a moeda chegou a ser cotada a R$ 1,70, menor valor em 13 meses. São números e mais números, mas o que isso significa no bolso das pessoas?

A entrada de dólares no país tem superado as saídas da moeda norte-americana. Isso faz com que haja um excesso de dólares no mercado brasileiro, o que tem efeito na sua cotação. Ou seja, é a lei da oferta e demanda. Se há mais oferta do que procura por um produto, o preço cai. É o que está acontecendo com o dólar.

O dólar entra no país por meio das exportações, dos investimentos estrangeiros diretos – em empresas e no setor produtivo –, das aplicações financeiras, das captações que companhias brasileiras fazem no exterior e do turismo.

O juro alto no Brasil é um dos fatores que atrai o investidor estrangeiro. A taxa básica de juros, a Selic, está em 8,75% ano e, embora tenha recuado bastante nos últimos anos, ela ainda é a quarta maior do mundo – atrás de China (6,6%), Argentina (5%) e Malásia (4,5%).

A redução do risco-país e o reconhecimento do Brasil a grau de investimento também tornaram a economia brasileira mais atraente para os investidores estrangeiros. Tudo isso colabora com a entrada de dólares na economia nacional, seja por meio de especuladores ou de investimentos de longo prazo.

Quem ganha e quem perde
Mas quem ganha e quem perde com esse movimento do câmbio e quais os efeitos concretos na vida das pessoas? A queda do dólar em relação ao real tem prejudicado dois grupos de empresas no Brasil: aquelas que são voltadas para as exportações e as que atuam no mercado interno e sofrem a concorrência do produto importado.

O real valorizado deixa os produtos brasileiros mais caros no mercado internacional, o que reduz a competitividade em relação a artigos de outros países, especialmente China. Com isso, quem compra do Brasil pode optar por produtos de outros mercados que ofereçam preços mais competitivos.

O resultado disso é uma redução na receita das empresas brasileiras que exportam, o que pode ter impacto, lá na frente, no nível de emprego. Se as companhias não veem perspectivas de melhora nos ganhos com as exportações, elas podem congelar investimentos, empregos e até mesmo reduzir o número de vagas.


Outro efeito da queda do dólar é a entrada de importados no país, que ficam mais baratos. Setores que dependem da importação de insumos e máquinas para a produção são beneficiados por esse movimento. Entretanto, alguns segmentos, como o de eletrônicos e eletroeletrônicos, acabam sofrendo com a concorrência dos produtos vindos de outros países.

Segundo o presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato, se os importados começam a ficar muito mais baratos, ao invés de continuar produzindo, muitas empresas vão passar a importar e distribuir no mercado.

Com o objetivo de combater a entrada de capital especulativo no país e promover um equilíbrio no câmbio, o governo brasileiro anunciou na semana passada a taxação dos investimentos estrangeiros no Brasil. Desde o último dia 20, os investidores externos que aplicam na Bolsa de Valores e em renda fixa – títulos com rendimento previamente definido, como CDBs (Certificados de Depósito Bancário), papéis do Tesouro, caderneta de poupança e títulos de crédito – têm que pagar uma alíquota de 2% por meio do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
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