Maioria das agressões contra mulheres ocorre quando o relacionamento chega ao fim

Maioria das agressões contra mulheres ocorre quando o relacionamento chega ao fim

Webmaster 08/04/2013 - 08:47
Uma pesquisa elaborada pelo Ministério Público Estadual de São Paulo, por intermédio do Núcleo Central Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID) mostra que a maioria das ameaças, agressões físicas e psicológicas praticadas contra as mulheres em situação de violência doméstica e familiar ocorre quando elas colocam um fim no relacionamento, conforme explicaram as Promotoras de Justiça Silvia Chakian de Toledo Santos, Valéria Diez Scarance Fernandes e Claudia Cecilia Fedeli, que integram o GEVID.

“Esta pesquisa demonstra, com números, o que já se sabia empiricamente: ainda nos dias de hoje as mulheres não têm o direito de dizer não, de não querer mais um relacionamento.” – argumentam as Promotoras.

O Núcleo Central do GEVID atua em inquéritos policiais instaurados na região central da cidade de São Paulo e desenvolve um trabalho coletivo de orientação às vítimas, logo no início do inquérito policial, denominado “Projeto Acolher”.

O Projeto se desenvolve por meio de grupos mensais nos quais uma Promotora de Justiça e profissionais de Serviço Social e Psicologia que compõem o Setor Técnico orientam as vítimas sobre a Lei Maria da Penha e os direitos garantidos por esta, informam sobre a tramitação da investigação policial e o processo judicial e explicam o funcionamento e a forma de acesso à Rede de Atendimento às Mulheres em situação de violência.

Para a realização da pesquisa, foram analisados 854 inquéritos entre os meses de abril e novembro de 2012 e selecionada uma amostragem de 186 mulheres. Os dados evidenciaram que 57% das mulheres pesquisadas já haviam rompido o vínculo com os agressores quando a violência ocorreu. Constatou-se ainda que entre as principais manifestações da violência, destaca-se, em primeiro lugar, a lesão corporal (35,5%) e, em seguida, a ameaça (23,7%).

É importante registrar que a violência doméstica e familiar tende a se manifestar de forma mais intensa no período em que a mulher intenciona romper ou rompe efetivamente o relacionamento com o agressor. Os dados obtidos na pesquisa também ajudam a derrubar o mito de que somente a mulher em situação de vulnerabilidade socioeconômica, sem estudo e dependente financeiramente do marido é a que sofre violência.

Verificou-se que, à época do registro da ocorrência na delegacia, 80% das mulheres trabalhavam e quase 70% possuíam escolaridade entre o ensino médio e o superior. A maioria (68,3%) tinha menos de 40 anos. Em relação às que não tinham emprego ou só se dedicavam ao lar na ocasião do levantamento, 70,4% sofreram violência pelos maridos ou companheiros quando ainda mantinham o relacionamento conjugal. Em 173 inquéritos, as mulheres foram identificadas como vítimas de pelo menos dois crimes e, em 84 casos, de pelo menos três crimes, com destaque para os de ameaça (26,6%) e injúria (17,9%).

A pesquisa também mostrou que apenas 36% das mulheres solicitaram medidas protetivas na ocasião em que registraram o boletim de ocorrência. “Isso ocorre por falta de orientação adequada quando a mulher vai registrar a ocorrência na delegacia”, afirmam as Promotoras. “Nos encontros perguntamos às mulheres se elas receberam essa orientação e a maioria afirma que não”.

Entre as medidas protetivas possíveis de serem solicitadas estão: o afastamento do agressor do lar, a proibição de manter qualquer contato com a vítima, seus familiares e testemunhas (seja pessoalmente, por telefone, mensagem de celular ou por e-mail), a obrigação de manter distância mínima, além de não poder frequentar determinados lugares. O GEVID é composto por Promotoras de Justiça com atribuição criminal para os delitos de violência doméstica e familiar ocorridos na Capital e está organizado em um Núcleo Central, localizado no Fórum Criminal da Barra Funda e seis núcleos regionais distribuídos em outras regiões da cidade. O GEVID também elaborou a Cartilha “Mulher Vire a Página” disponível no site www.mp.sp.gov.br.

Logo do Facebook Deixe seu comentário