Surdo pode usar o SMS para chamar PM ou Bombeiros

Surdo pode usar o SMS para chamar PM ou Bombeiros

Webmaster 14/04/2013 - 22:29
Uma medida estudada pela Polícia Militar poderá facilitar o acesso da população surda ao serviço de emergência via mensagem de texto (SMS). A corporação analisa a realização de cadastro online para deficientes auditivos – parciais ou totais – interessados em participar do programa que é o primeiro da América Latina, também estendido ao Corpo de Bombeiros.

A ideia do sistema de mensagens surgiu em 2011 quando a polícia percebeu que era necessário criar uma maneira acessível para os chamados dos deficientes, que sempre precisavam de outra pessoa para auxiliar no pedido de ajuda. “Queremos que eles tenham total autonomia total em tudo fizerem”, explica o major Marcel Lacerda Soffner, do Centro de Comunicação Social da PM.

De acordo com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, existe cerca de 1,9 milhões de pessoas com deficiência auditivasem São Paulo, das quais apenas 90 mil se declaram surdas.

Segundo o comandante do Centro de Processamento de Dados (CPD) da PM, tenente-coronel Reynaldo Priell Neto, esse é um serviço pioneiro na América Latina e muito mais desenvolvido que o dos Estados Unidos. “Temos capacidade de atender a todos os deficientes auditivos com o nosso sistema”, disse.

Sistema e cadastro
O sistema chamado de E-SMS, é gratuito e pode ser utilizado pela população de São Paulo, seja fixa ou não. Isso significa que um morador de outro Estado pode utilizar o atendimento quando estiver em SP.

“Para que a gente tenha um controle dos usuários do programa e para evitar trotes, é preciso que o deficiente faça um cadastro no nosso sistema”, explica o major. “Assim, o trabalho tem um sucesso maior.”

Esse cadastro pode ser realizado nas associações de deficientes auditivos, em escolas que os recebam ou que tenham parcerias com a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. As informações de cada usuário são enviadas ao banco de dados da Polícia para que o recebimento de mensagens seja liberado.

Priell ressalta que o cadastro será expandido para a internet, o que facilitará a adesão. Isso, entretanto, está em estudo, para uma futura implantação. “Não é fácil, porque enfrentamos obstáculos tecnológicos que não dependem da Polícia, mas da rede de internet”, diz.

A Polícia Militar fez parcerias com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e com operadoras de telefonia, garantindo um atendimento gratuito – assim como é nos convencionais 190 e 193, respectivamente, da PM e do Corpo de Bombeiros (CB). “Garantimos o serviço em funcionamento e o pronto atendimento desde que o sistema da operadora traga a mensagem a nós.” Ou seja, se a operadora falhar, a PM não recebe a ocorrência.

Para que seja atendido, o deficiente deve enviar uma mensagem de texto para os números de emergência. Uma confirmação será recebida e uma conversa (chat) será iniciada para o levantamento de dados sobre a ocorrência e o envio de PMs ou bombeiros ao local. O contato terá sido bem sucedido se ao final a pessoa receber a mensagem: “Espere. Auxílio a caminho”.

Policiais treinados
Quem trabalha no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) precisa de um preparo especial para atender esses chamados. “Os surdos têm um jeito diferente de se comunicar, o que inclui a maneira de escrever”, explica Soffner.

O major Carlos Tenório de Almeida, chefe do Copom, mostra que cada um dos policiais do setor tem uma apostila com instruções rápidas para o atendimento. “Tudo tem que ser rápido e eficiente”, comenta.

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é considerada o “segundo idioma do país” e ela é utilizada também pelos PMs no atendimento. “Através de palestras, estamos formando todos os novos policiais [os antigos já estão treinados] para que estejam capacitados para atender no local ou por telefone”, explica Priell.

O programa é apoiado também pelo Ministério Público (MP). “Em parceria, podemos divulgar o projeto para que mais pessoas participem e isso só depende da vontade delas”, afirma Priell.

Atualmente, o E-SMS tem cerca de 100 pessoas cadastradas. O sistema ainda não foi usado por nenhum deles. Soffner destaca que os deficientes precisam confiar na Polícia e fazer o seu cadastro.

Prêmio
No final do ano passado, durante o III Prêmio de Ações Inclusivas para Pessoas com Deficiência, a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência concedeu o prêmio de ação governamental à PM pelo programa.

O projeto do E-SMS concorreu com 140 ações sociais de 45 municípios diferentes. A secretária Linamara Rizzo ressaltou, na ocasião, a importância de cada uma delas. “O prêmio pretende não só ser um observatório, mas também um disseminador de boas práticas.”

Beleza a serviço da sociedade
O comandante geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, recebeu no último dia 28 de março, a Miss Surda Brasil 2013, na sede do Comando Geral da PM, no centro da Capital.

A modelo paranaense Thaisy Payo, eleita miss no início de fevereiro, vai ajudar a divulgar e a ressaltar a importância do sistema.

Feira de acessibilidade
Entre os dias 18 e 21 de abril, o Centro de Exposições Imigrantes receberá a XII Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade. O evento recebe pessoas com todos os tipos de deficiência.

A Polícia Militar participará do evento e fará o cadastro dos deficientes auditivos que se interessarem pelo sistema de emergência, além de explicar o projeto ao público em geral. A entrada é gratuita. Mais informações podem ser obtidas no site: www.reatech.tmp.br

Como usar

A PM vai distribuir 20 mil cartilhas informativas em linguagem de surdos (que é diferente, ortograficamente, da habitual) e na língua portuguesa convencional. A seguir, o passo a passo de como utilizar o serviço:

Passo 1: A pessoa com deficiência deve preencher a planilha de inscrição. Apenas usuários previamente credenciados em órgãos representativos terão disponibilidade deste serviço – isso serve para evitar trotes.

Passo 2: Uma mensagem deve ser enviada para o número de destino 190 (PM) ou 193 (Bombeiros), com as seguintes informações: nome, breve descrição do que está acontecendo e local onde a pessoa está.

Passo 3: Quando a mensagem for recebida pelo Copom, a pessoa receberá uma mensagem de texto dizendo “Mensagem recebida. Espere instruções”. Como o sistema depende das operadoras, problemas de envio podem acontecer. Ao final do chat, a PM mandará a mensagem “Espere. Auxílio a caminho”.

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